Flash

Ontem aconteceu !

Na saída do túnel do Cristo Redentor, que liga a Argentina ao Chile, aduana chilena : a jovem senhora, com ares de pit-bull sem focinheira, chega para a inspeção de rotina.

Olha aquela "camioneta" enorme e suja, pede para abrir todas as portas. Vai à geladeira, ao saco com o farnel das rações de meio de caminho , levanta casacos, olha tudo com olhos assustados.

Pede para ver a parte traseira. "Encrenca na certa", já imagino. Não estivesse tudo muito bem arrumado e amarrado - afinal, foi um dia inteiro de trabalho de estivagem, no Rio - aquela pilha de malas, embrulhos, sacos e pacotes teria soterrado o pit-bull ao abrir a porta pesada do Defender.

E aí começou : - Tire isto, abra aquilo ... E assim foi, metade das tralhas lançadas ao chão empoeirado do Aconcágua.

E aí descobre alguns filtros, correias e peças em estoque que carrego para qualquer emergência automotiva. - Material de uso comercial, não pode, rhgrhgrhgrhgrhgrhgrhgrhgrhgrhgrhgrhg (ruido típico emitido por fiscais de alfândegas no mundo inteiro)!!

- Abra esta .... O que tem dentro ?

E fui abrindo aquela velha bolsa Philipe Martin que nos idos de 1977 serviu também ao João em seus treinos de natação na equipe do Flamengo. Pedaços de cano de PVC, tubos de cobre, pedaços de câmara de pneu, arames diversos, um pedaço de tela de galinheiro, etc, etc - tudo sob o olhar espantado da doce pit-bull que, imaginava eu, já não entendia mais nada ...

Conversa vai, conversa vem, os riscos de se cruzar o Atacama numa expedição solitária, como o Chile é bonito, a Argentina feia, etc acabei por convencer a jovem e delicada senhora. Afinal, tudo aquilo seria para ser utilizado, em Arica, na próxima "troca de aceite".

Mais de uma hora perdida e aquele monte de sacos, pacotes, malas e tralhas lançados de volta ao carro, agora sem charme, estilo ou técnica.

Viagem que segue à espera do próximo bull-dog.